sábado, 10 de dezembro de 2011

Memória: a necessidade premente de justiça

Do Vi o mundo

Alipio Freire: A herança do golpe civil-militar de 1964

por Alipio Freire, em Brasil de Fato
Memória
sem presente ou futuro
é nostalgia.
Ou narcisismo.
Para que levemos essa constatação em frente, é fundamental que, tendo em vista os trabalhos da Comissão da Verdade, nos organizemos todos para esclarecer aos trabalhadores e povo (povo=os explorados e oprimidos) – sobretudo os mais jovens, a respeito do golpe civil-militar de 1964; seus sujeitos políticos; a real ‘natureza’ de classe do programa e dos projetos dos golpistas; o sentido das violências desencadeadas contra os trabalhadores e o povo enquanto ponto programático dos golpistas; e todas as formas e propostas de resistência e/ou revolução que se levantaram contra o regime instaurado. Algumas dessas questões estão respondidas em cartilha do Núcleo de Preservação da Memória Política , ainda que muito mais necessite ser tratado.
Sobretudo, é fundamental que se esclareça como o programa levado a cabo pelos golpistas continua presente, ainda hoje, no nosso dia a dia. Sobre esta última questão, é necessário esclarecermos alguns pontos, dos quais citamos apenas três dos mais óbvios e simples:
1. Caso se mantivesse a política salarial do presidente João Goulart – deposto pelo grande capital internacional e seus aliados – o salário mínimo atual seria de R$ 2 800,00;
2. Se o programa das Reformas de Base, defendido pelo presidente Goulart e pelas forças populares e de esquerda houvesse sido aplicado, a Educação não teria sido privatizada. Ao invés disto, teríamos  ensino público, universal, gratuito e de boa qualidade em todos os níveis.
3. Teria sido feita uma reforma agrária nas terras às margens das rodovias, ferrovias e açudes.
Somente assim, acreditamos, começaremos a desconstruir as versões oficiais da nossa História recente; a transformar a questão da Verdade numa campanha massiva e, consequentemente, a questão da necessidade de Justiça numa reivindicação da grande maioria da nossa classe trabalhadora, do nosso povo, e das suas organizações e movimentos.
Alipio Freire, jornalista e escritor, integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato e a direção do Núcleo de Preservação da Memória Política.
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